terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Yes! queremos banana!!

Ola povo ardil varonil febril, com azia e ressaca!
A proposta deste blog é não ficar enchendo linguiça e nem ficar só falando do umbigo (muito feio por sinal).Então começamos a abrir artigos de vários manos e manas, que em doses homepáticas irão ir trazendo (errei na concordância verbal?) material a respeito de ervas, cidadania, luta contra o preconceito, enfim creio que teremos uns 4 a 5 ajudantes.Será um blog feito a várias mãos.Abrimos então a série com nosso amigo carioca Cláudio Kambami, que esboçou estas mal cunhadas linhas (segundo ele..kkk) para degustarmos um pouco.Abro os comentários para alguma retificação e quem quiser apinchar dicas e links, manda para meu email que iremos postando conforme a minha vontade deixar..kkkk (ué..vou mentir..kkk???)
vamos lá e boa leitura.

Yes , queremos banana!!!! 

     
Olá manos e manas blogueiros!
O assunto que pretendo trazer será sobre os vegetais em geral. Ervas, folhas, sementes, frutos, cascas, seivas, raízes e etc..., tentando abranger tudo aquilo que alcançamos em informação para uso moderado ou simplesmente para um conhecimento didático já que muito do que traremos pode não estar ao alcance de todos.
Sabemos que a Natureza é detentora de toda vida e quando nos referimos a essa, o vegetal aparece como criação bem mais espetacular não só pela sua diversidade como pela sua sustentabilidade em relação a tudo e a todos.
Não discutiremos aqui a ciência profunda deles e sim uma leve citação sem muito detalhe científico para dar um entendimento.
Uma mesma planta um mesmo fruto pode ser a cura para algo ou mesmo o veneno para outro e nesse ponto ficaria muito difícil e enorme o estudo que pretendemos.
Falaremos das ervas que conhecemos seja através da ancestralidade, seja através da informação didática, seja através das experiências individuais.
Tentaremos descrever as variações de nomes e comparações entre uma mesma família de vegetais onde se diferenciam em seus usos e suas formas.
Há muitos estudos que nos colocam que as plantas em geral são como pessoas, podendo não serem eficaz se não estiverem em boas companhias ou até mesmo terem efeitos contrários pela mesma razão.
Algumas delas já são motivos de experimentos científicos para direcionamento de ajuda a nossa espécie como especializadas. A esse trabalho científico que não deixa de ser natural, chamamos de transformação genética.
Falando um pouco sobre esse assunto, diríamos que deve ser encarado com naturalidade, pois essa transformação genética visa não só o aprimoramento e concentração de determinados detalhes do vegetal  ou ainda introdução de elementos nele como uma proteção para ele mesmo ou para a necessidade humana de alimentos e medicamentos.
Esse processo genético que antes era natural e levava séculos para ser desenvolvido entre a experimentação, separação e reprodução, agora é algo com maior velocidade e com técnicas desenvolvidas pela própria ciência humana.
Para um exemplo ilustrativo sobre o assunto, podemos trazer a conhecida banana, um dos primeiros alimentos humanos.
Originária do Sudeste Asiático foi transportada e espalhada pelo mundo e hoje é cultivada em mais de 130 Países.
A Banana em sua “ancestralidade” (Na Ásia ainda há bananas ancestrais como a imagem acima) mesmo madura era um fruto não tão doce e com muito caroço, porém pela própria ordem natural, dentre várias bananeiras algumas projetavam frutos com menos caroço e mais saborosos. O homem em sua inteligência começou a dar preferência ao cultivo dessa variação e evoluindo para frutos melhores.

 

 
Hoje porém com o conhecimento e a tecnologia desenvolvida podemos interferir nesse tempo de espera e cultivar com maior velocidade uma variedade que integre não só o mais saboroso e sim com fatores de durabilidade, aparência, tamanho, velocidade de produção, e aumento vitamínico além de estudos mais avançados que entendem que é mais barato comer banana que comprar um remédio.
Esse trabalho de colocar na banana vacinas é uma manipulação genética, mas para benéfico humano.
O que se debate sobre tal tema é a interferência que isso possa causar na própria natureza já que sabemos que no processo do cultivo há os participantes coadjuvantes como abelhas, besouros, pássaros e uma infinidade de outras criaturas que receberiam a mesma dose de tal vacina que é direcionada a humanos.
É algo de fato que devemos estudar com carinho e responsabilidade, mas não afirmar que seja algo de ruim para o ser humano.
As plantas falam, respiram, comem, se multiplicam, dormem, vivem em sociedades e se relacionam com diversas outras espécies, inclusive as animais. Essa é a essência que gosto de nomear de TEMPERO.
Falemos então um pouco mais sobre esse fruto maravilhoso e tão ancestral quanto nossa consciência.
Como a intenção aqui é apresentar seu uso litúrgico dentro da religiosidade afrobrasileira nada melhor que começarmos por ela que embrulha de forma generosa um dos elementos mais sagrados da religião o Akassa/Acaçá, Ekuru/ Éke também outras comidas como as oferendas do Olubajé.

Sua folha é usada exatamente para essa finalidade e é algo percebido pela cultura Banta que dá muito valor ao MUXIMA (coração). A Bananeira ao pender seu fruto o faz através de um pendúculo frutífero que em sua ponta carrega um coração.

 
 

Em verdade tudo na bananeira é aproveitável seja como alimento, seja como remédio, seja como utensílios.
De seu caule fazia-se e ainda fazem cordas para amarrar diversas coisas uma delas era as próprias verduras dos feirantes que foram substituídas pelo plástico dos anos modernos. 
No blog (http://arteemterblog.blogspot.com/2011/03/fibras.html ) podemos ver a diversidade que a artesã demonstra sobre a utilização dessa fibra.
Na cosmética usa-se o óleo de banana para remover os esmaltes dentre outras coisas.
Seu coração ou umbigo é um excelente alimento semelhante ao palmito.
Sua seiva ou sangue é um coagulante eficaz para cortes além de um remédio popular usado para tuberculose e bronquites assim como a casca do fruto é usada para feridas , nevralgia e esfolamento.
Estudos ainda apontam que uma das primeiras bebidas desenvolvidas pelo homem foi através da fermentação da banana que deu origem ao primeiro vinho, a primeira cachaça e a primeira cerveja.

 
 



Na República do Congo e diversos outros Países africanos usa-se como fonte de renda a fabricação artesanal dessa bebida.
Na nossa liturgia religiosa a banana é oferenda de diversos Orixás dentre eles, Ògún, Osumarè, Oya, Sango, Osun, Obá, Yewá, Osossi, Nana, Obaluaye, Ibeji, dentre outros.
Na verdade quase que poderíamos afirmar que todos a aceitam assim como o famoso Acarajé (bolinhos de feijão) mudando apenas o preparo e a forma de ofertar afinal se Ori permite seu alimento ser embrulhado pela folha da bananeira qual Orixá irá recusar a oferta da mesma?
A folha ainda participa de alguns rituais e alguns preparos de banhos e confecção espaços de resguardo iniciático de Orixás e folha de entrega como a Mamona (Ewe Lara).




Por Cláudio Kambami
*Direitos reservados-Favor citar a fonte em caso de cópia.



2 comentários:

  1. Olá Kambami!
    Valeu o artigo e as informações.
    Eu conheço a oferenda da banana ouro para Oxum e a banana da Terra para Ogum. Você vai dar as dicas das oferendas também?
    Como preparo de banho com as folhas também não conheço. Só o seu uso para "embrulhar" o acaçá.
    O artigo vai ter desdobramento????
    Desculpe mano, eu e minha curiosidade em aprender mais.
    Beijão e axé!

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  2. Olá mana Tania!

    Com o tempo e como diz mano Laércio não necessariamente nessa ordem.
    Aos poucos vamos colocando de tudo um pouco mas não como uma cartilha e sim como a própria proposta do blog, um local de encontro que mesmo sendo cultura é uma diversão de passa tempo para exercitarmos nossos neurônios.

    Tenha certeza que com o tempo vamos descascar não só a banana mas tudo que colocarmos no blog.

    Beijão e Axé!

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